Banco Central explica hoje decisão que elevou juros para 11,25%. Veja o que esperar da ata do Copom
O Banco Central divulga nesta terça-feira a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada na qual se decidiu subir os juros básicos da economia brasileira em 0,50 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano.
Os investidores ficarão atentos aos detalhes do texto. Esperam algum sinal sobre quais serão os próximos movimentos da política monetária, particularmente em um cenário de crescente incerteza fiscal.
Assim como no encontro anterior, o BC não deu dicas sobre seus próximos passos e disse que o “ritmo de ajustes futuros e a magnitude total do ciclo” serão ditados pelo firme compromisso da convergência da inflação à meta. Esse é um dos temas que podem ser ampliados por meio da ata.
No comunicado da decisão, o principal alerta do Copom foi em relação à política fiscal. Mais uma vez, o comitê elevou o tom de preocupação com a dinâmica das contas públicas e com o efeito sobre a política monetária.
Em meio à discussão sobre um pacote para contenção de gastos pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o BC defendeu enfaticamente que a “apresentação e execução” de medidas estruturais nas contas públicas contribuirá para uma trajetória mais favorável da inflação e, assim, para o nível de juros.
Após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos, o BC também passou a considerar que a conjuntura econômica do país é incerta, mas não fez qualquer menção ao pleito. Em setembro, o Copom falou em “inflexão” no ciclo econômico nos EUA.
As projeções oficiais do colegiado para a inflação aumentaram e continuam distantes da meta de 3,0% (intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%). Pela primeira vez, o BC passou a ver um resultado acima do limite superior da meta para 2024, de 4,6%, contra 4,3% antes. Para 2025, a estimativa aumentou de 3,7% para 3,9%.
O horizonte com que o BC trabalha para colocar a inflação na meta é o segundo trimestre de 2026. Nesse caso, a projeção oficial é de 3,6%, contra o alvo de 3,0%. Até setembro, o colegiado mirava o primeiro trimestre de 2026, cuja projeção era de 3,5%.
Do último encontro do Copom para cá, o BC também viu as expectativas de inflação se distanciarem ainda mais da meta de 3,0%. Em 2024, o mercado financeiro passou a prever estouro do limite superior da meta, de 4,5%, em 4,59%. Para 2025, subiu de 3,95% para 4,03%. Já para o final de 2026, a mediana chegou a 3,61%.
Com muitas incertezas no Brasil e no mundo, o BC decidiu por uma reação mais forte por unanimidade, incluindo o atual presidente, Roberto Campos Neto, e Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Lula para comandar a instituição a partir de janeiro de 2025 e já aprovado pelo Senado.